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#4 - Prática Clínica e Monitorização

Prática Clínica e Monitorização
O que temos feito na Clínica ISPA
Blogue da Academia #1 Prática Clínica e Monitorização – O que temos feito na Clínica ISPA

 

A Clínica ISPA procura enquadrar a sua prática clínica com a mais recente literatura. Várias investigações mostram-nos que a monitorização de resultados do processo terapêutico e os sistemas de feedback estão associados a valores mais elevados de progresso terapêutico e a menor número de dropouts

 

Por exemplo, ver aqui.

 

 

A monitorização permite-nos recolher informação sobre a progressão do processo terapêutico e adaptar de melhor forma as intervenções às necessidades do cliente. Uma palavra-chave da Clínica ISPA e também da monitorização de resultados é a palavra colaboração. Através da informação recolhida, o terapeuta em colaboração com o cliente, ajusta a intervenção psicológica. Um dos sistemas de monitorização do processo terapêutico com maior suporte empírico é o Outcome Questionnaire System

 

OQ System, ver aqui.

 

 

O OQ-45, desenvolvido por Michael Lambert e colaboradores, é uma medida de auto-relato do cliente constituída por três subescalas:

1. Sintomas de Desconforto Subjectivo (depressão e ansiedade);

2. Relacionamentos Interpessoais (solidão, conflicto com outros e dificuldades familiares);

3. Contexto Social (dificuldades no local de trabalho, escola ou deveres domésticos).

 

Segundo a literatura um sujeito que apresente um score total superior a 64 pontos, apresenta maior sofrimento psicológico que a maioria das pessoas. Este instrumento tem sido utilizado nos últimos anos pelos técnicos da Clínica ISPA de forma a monitorizarem o processo terapêutico dos seus clientes. Após termos dados do OQ-45 na Clínica ISPA desde 2019, considerou-se importante analisá-los e perceber se as intervenções psicológicas estariam a ser eficazes. Foi colocada a seguinte questão: “Quais serão as diferenças nos clientes da Clínica ISPA, nas três dimensões do OQ-45 ao longo do tempo?”. 

 

 

Para darmos resposta à questão colocada foram considerados todos os clientes que responderam a pelo menos dois questionários (N=227). Verifica-se que as diferenças são estatisticamente significativas, isto é, que os clientes apresentam valores diferentes entre o primeiro e o último questionário. Em média, a maioria dos clientes respondeu ao primeiro questionário com um score total de 75 e ao segundo questionário com um score de 60. Como já foi referido, considera-se que acima dos 64 pontos a pessoa apresenta maior sofrimento psicológico. Observa-se uma diminuição de 15 pontos, demonstrando que os clientes em média, diminuem o seu sofrimento psicológico após as intervenções psicológicas. Observa-se também que das três dimensões do OQ-45, todas diminuem ao longo do tempo, sendo que a que mais diminui é a subescala de Desconforto Subjectivo. Estes dados mostram-nos que existe progresso terapêutico aliado à utilização do instrumento de monitorização.

 


Em seguida, colocou-se outra questão: “Será que clientes que terminam o processo terapêutico e responderam pelo menos três vezes o instrumento, apresentam um valor mais baixo na última aplicação?”. Para respondermos a esta questão consideramos uma amostra de 57 clientes (N=57). Verifica-se que existem diferenças estatisticamente significativas entre o primeiro e último questionário e que o score diminui cerca de 7 pontos. Podemos inferir que os clientes que terminaram processo terapêutico na Clínica ISPA onde o OQ-45 foi utilizado, terminaram o processo com um valor inferior de mau estar psicológico em comparação com o valor que iniciaram.

 

 

Para além das questões referidas foi ainda colocada uma outra questão: “Qual será a diferença entre o primeiro e último questionário em clientes que responderam a pelo menos três questionários e iniciaram processo terapêutico com um score total superior a 64 pontos?”. Para se dar resposta à presente questão consideramos uma amostra de 24 clientes (N=24). Verifica-se que existem diferenças estatisticamente significativas e que o score diminui cerca de 12 pontos entre o primeiro e o último questionário. Estes dados mostram-nos que a intervenção psicológica, em colaboração e adaptada com a informação que o OQ-45 nos fornece, demonstra ser eficaz na diminuição do sofrimento psicológico. 

 

 

A utilização do instrumento de monitorização OQ-45 pela Clínica ISPA reforça a literatura: a monitorização é uma ferramenta eficaz na adaptação da intervenção às necessidades do cliente. Para além disso, mostra-nos como a colaboração deve ser uma palavra-chave e que o acompanhamento psicológico ou psicoterapia é eficaz na redução do sofrimento emocional ou psicológico. A Clínica ISPA tem o objectivo de continuar a utilizar instrumentos de monitorização de resultados e sistemas de feedback, contribuir com evidência empírica sobre os mesmos e continuar a caminhar lado-a-lado com a mais recente literatura sobre eficácia terapêutica.

 

 

Por:

Sara Rathenau,

Psicóloga Clínica e Investigadora